Resenha: Quincas Borba, de Machado de Assis

Como assim, começar uma série para valorizar o autor nacional logo com Machado de Assis? Machado é clássico, seu nome vende sem precisar de marketing. Sim, mas todo escritor e bom leitor precisa conhecer quem veio antes dele, analisar as obras e, se possível, aprender algumas coisinhas (mas jamais copiá-las em sua própria ficção). Por isso Machado é referência: ele foi um grande inovador na literatura brasileira e mundial. 
Machado de Assis, considerado o melhor escritor brasileiro de todos os tempos, é também meu escritor favorito. Por isso fiquei animada para ler “Quincas Borba. Por várias páginas, pensei que este livro não era tão bom quanto aos outros do autor, como “Dom Casmurro”, “Memórias Póstumas de Brás Cubas” ou mesmo “Esaú e Jacó” (resenha deste em breve). Mas novamente o velho mestre me surpreendeu.
O cão Quincas Borba não é exatamente o protagonista, mas sem ele a história não existiria (por isso o cãozinho de pelúcia na foto). O cão recebeu o mesmo nome do dono, o filósofo Quincas Borba, que apareceu também em “Memórias Póstumas de Brás Cubas”. Quincas morre e deixa uma herança para o professor Rubião, desde que ele concorde em cuidar do cachorro. Rubião leva o animal e toda a fortuna ao Rio de Janeiro, onde se instala e conhece muitas pessoas, como o casal Sofia e Cristiano Palha, e Camacho, um advogado envolvido com política.
Capa da edição americana
Encantado com a beleza de Sofia, Rubião tem devaneios, confia cegamente em Cristiano, e a ideia de conquistar um cargo político importante também mexe com sua cabeça. Sofia seduz vários homens, e suas reflexões ou reflexões sobre ela são muito perspicazes. A ação acontece no final dos anos 1860, e o livro trata com inteligência o tema da política, tão comum na obra de Machado de Assis, um grande gênio. Só gostaria de saber quais seriam as percepções do cão Quincas Borba, de longe a mais simpática criatura da trama, sobre personagens e situações tão brilhantes.
Assim como tantas outras obras de Machado, “Quincas Borba” é também incrivelmente atual, mesmo tendo sido publicado há mais de um século (e, nesse tempo, acredito que ninguém conseguiu compreender totalmente o “Humanitismo”, filosofia criada por Quincas Borba, o humano). Sua ironia tem ares de humor negro e ao mesmo tempo um teor amargo, por ser a dura realidade. Outro tema abordado, tudo a ver com a realidade da época, é o choque cultural entre campo e cidade, o que fica evidente na saga da coadjuvante Maria Benedita.

Com capítulos bem curtos e seu jeitão mordaz, Machado nos deu mais uma pérola, coroada pelo lema do Humanitismo: “Ao vencedor, as batatas!”.


O veredicto: de acordo com o sistema de notas, este livro recebe... 5 minions!


EXCELENTE

Comentários

  1. Letícia concordo com vc que Machado de Assis é o melhor entre os melhores. Li muitos livros dele na época da escola - vestibular, li até mais do que o indicado, adorava o humor e a conversa com o leitor que ele apresentava em sua livros. Memórias póstumas de Brás cubas foi um divisor de águas na minha vida, abriu meus horizontes em vários aspectos. Enfim adorei ver o mestre aqui!!!!

    Leituras, vida e paixões!!!!

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