Resenha: Água Viva, de Clarice Lispector

Ela é campeã nas citações de redes sociais, sejam elas verdadeiras ou não. Clarice Lispector é musa, é referência, é exemplo, mas nem sempre é uma escritora fácil de ser lida. Algumas de suas obras não são para qualquer um, confundem o leitor incauto, impressionam quem entrou de gaiato na leitura, mas recompensam quem segue firme, reflete sobre o que está no livro e o que está além do livro, e podem mudar o rumo de uma vida. Água Viva é um destes livros.
Eu tenho a estranha convicção de que, quanto mais difícil é escrever a sinopse de um livro ou filme sem explicar muito ou dar spoilers, melhor é a obra. Gosto de coisas que me surpreendam pela complexidade, que não podem ser resumidas em uma só frase ou parágrafo. Água Viva é impossível de se resumir, não exatamente pela história convoluta, e sim pela ausência de história.
Clarice gostava de fluxos de consciência, e Água Viva é um imenso fluxo de consciência. Não há divisão em capítulos, apenas em parágrafos. É um monólogo com muitas associações e reflexões filosóficas, várias delas incluindo flores, cores e elementos da pintura. O texto é, portanto, fluido e escorregadio como uma água-viva que singra pelos oceanos.
A primeira edição de Água Viva foi publicada em 1973, quatro anos antes da morte da autora. Através do livro, podemos mergulhar de maneira singular no íntimo de Clarice. É uma obra bem pequena, a maioria das edições conta com menos de 100 páginas, mas definitivamente não é uma leitura rápida. Água Viva é um daqueles livros para você pegar em um final de semana preguiçoso, sem pressa, e parar, anotar e refletir quantas vezes for preciso. Só assim este livro será apreciado em toda sua grandeza.

O veredicto: 4 MINIONS!


ÓTIMO!

Imagens retiradas do Pinterest da Editora Rocco.

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