Resenha: Melhor que Sexo!, de Luiz Cláudio Siqueira
Algumas
pessoas deveriam ficar bem longe do lápis e do papel, porque não acrescentam
nada à literatura. Este é um bom exemplo disso.
Em
livros de crônicas, em geral uma delas é escolhida para que seu título dê nome
ao livro todo. O texto “Melhor que Sexo!” é uma tentativa de criar um crescendo
de expectativas para, ao final, quebrá-las em um súbito e bem-humorado
desfecho. O problema é que o desfecho é óbvio para qualquer pessoa minimamente
inteligente que já passou pelo ensino fundamental, e o resultado acaba não
sendo tão eficaz. E, a partir daí, o livro vai montanha-russa abaixo.
Há
apenas um bom texto: Como conviver com seu analista e ser feliz. Escrito em
forma de tópicos numerados e breves, traz humor e algumas verdades sobre fazer
terapia, sem condescendência ou exageros desnecessários.
Em
alguns momentos, a tentativa feita pelo autor de escrever crônicas me fez me
lembrar de mim mesma... aos oito anos de idade. Com a diferença de que eu sabia
mais sobre regência verbal aos oito anos do que o autor sabe. São tentativas
fofas para uma criança, e patéticas para um adulto.
Muitos
textos são carregados de lições religiosas, de modo que seriam ideais para
serem usados em um curso de catequese, e não publicados em um livro para o
grande público – que livro para o grande público tem a pachorra de dizer que se
você está deprimido, a culpa é do mal que te consumiu e da sua falta de oração?
Aliás,
sendo o autor publicitário, percebe-se que ele não sabe vender seu peixe. O
livro depõe contra sua reputação, e a impressão que fica é de que ele é um
péssimo publicitário. Ora, o público cristão que quer ler sobre Deus e o poder
da oração não vai comprar um livro com uma capa multicolorida intitulado
“Melhor que Sexo!”, e quem compra o livro pela capa espera encontrar crônicas
bem-humoradas como as de Mário Prata, e não pregação católica a cada página.
Um
momento interessante, perto do final, é quando o autor escreve que “sempre fez
sucesso com mulheres e homens”, mas “não se entregava a qualquer pessoa”.
Depois, de maneira prepotente, começa a narrar como uma camiseta com a estampa
de Jesus faz dele um homem de luz, enquanto os sedutores sexuais que ele
encontrou, ao verem a tal camiseta, se revelaram criaturas das trevas. Oh!
Sim,
eu já li coisas piores. E por isso eu repito: Algumas pessoas deveriam ficar
bem longe do lápis e do papel, porque não acrescentam nada à literatura.
O
veredicto: 1 minion roxo!
PÉSSIMO!
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