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Apresentando a Ovelhinha Nuvem

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  Talvez você conheça alguém como a Ovelhinha Nuvem. Não estou falando de alguém branquinho e fofinho, mas se conhecer alguém assim, tudo bem também. Estou falando de alguém cheio de atividades e talentos. Você sabia que a Ovelhinha Nuvem dança salsa, fala mandarim e faz um curso de datilografia? Estou falando, sobretudo, de alguém com grandes sonhos. O sonho da Ovelhinha Nuvem ultrapassa os limites da nossa atmosfera: ela sonha em ir à Lua! Na sua aventura para aprender mais sobre viagens espaciais, a Ovelhinha Nuvem vai conhecer pessoas e animais incríveis, e você pode participar dessa aventura com ela! Compre o livro “A Ovelhinha Nuvem”: https://caravanagrupoeditorial.com.br/produto/a-ovelhinha-nuvem/

Bicentenário de Maria Firmina dos Reis: lendo o conto “A Escrava”

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Em 11 de outubro de 2025, são celebrados os 200 anos de nascimento de Maria Firmina dos Reis, a primeira romancista brasileira - como você pode conferir AQUI . Em homenagem à data, li o conto “A Escrava”, e aqui vão minhas impressões. “A Escrava” foi publicado em jornal em 1887 e trata-se de um relato de uma senhora abolicionista contando um causo. Numa tarde de agosto, passou por ela, correndo, uma escrava (sic, hoje usamos o termo “escravizada”). A ela seguiu-se um feitor, curiosamente de pele parda e que classificava a fugitiva como “douda”, e o filho da mulher, Gabriel. A narradora-personagem despista o feitor e acolhe a mulher, que lhe conta sobre sua trajetória no cativeiro, de menina livre a pequena escravizada, passando pelo traumático rapto de seus filhos gêmeos ainda na infância para serem vendidos. O conto foi publicado no auge do movimento abolicionista, mas na província do Maranhão, cuja elite era majoritariamente branca e arraigada na suposta necessidade de se manter ...

Resenha: Neca, romance em bajubá, de Amara Moira

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  “Só sei que nada sei” - Sócrates E quanto mais eu sei, sei que não sei de nada. Essa foi a sensação ao ler “Neca, romance em bajubá”. É o tipo de livro que não procuraria por vontade própria, mas que foi escolhido no novo clube de leitura LGBTQ+ no qual entrei. Esses tipos de iniciativas são excelentes para ampliar nossos horizontes literários, e com certeza foi o que aconteceu comigo durante esta leitura. Confesso que, quando li o subtítulo “romance em bajubá”, do alto da minha ignorância pensei se tratar do lugar onde a história de passava: de preferência, uma paradisíaca praia da Bahia. Estava totalmente errada, mas existe sim exuberância no bajubá, afinal, trata-se de um dialeto da população LGBTQIA+. Além deste dialeto, a protagonista usa palavras do francês e do italiano, devido à sua passagem por estes países, incluindo algumas aportuguesadas para casar com a pronúncia. Escolhi deixar a leitura fluir, sem ficar indo ao dicionário toda vez que encontrava uma palavra ou ...

Sentir? Sinta quem lê!

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  Durante a pandemia, um companheiro constante foi um livro de poesias de Fernando Pessoa. Dentre todas, amei A Tabacaria, mas minha favorita foi esta, de Álvaro de Campos: ISTO Dizem que finjo ou minto Tudo que escrevo. Não. Eu simplesmente sinto Com a imaginação. Não uso o coração. Tudo o que sonho ou passo, O que me falha ou finda, É como que um terraço Sobre outra coisa ainda. Essa coisa é que é linda. Por isso escrevo em meio Do que não está de pé, Livre do meu enleio, Sério do que não é. Sentir? Sinta quem lê! Assim como muitos outros escritores, aprendi muita coisa de experiências. Uma delas, universal, é que uma hora precisamos colocar o ponto final e por nossa obra no mundo, por mais que queiramos ficar melhorando e reescrevendo vários trechos. Outra coisa que aprendi foi que, uma vez publicada, a obra não é mais só sua: é também de quem lê. Por exemplo: com meu romance “Anos de Chumbo”, tive respostas que não esperava. Uma leitora comparou-o com uma...

O fim de um ciclo

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  No final do ano passado, estive conversando com uma agência de publicidade com foco no mercado literário para recrutar influenciadores literários para uma leitura coletiva de meu romance “Anos de Chumbo”. Quando o publiquei, no aparentemente longínquo ano de 2015, tentei “na raça” ir atrás de blogueiros oferecendo uma cópia do livro em troca de uma resenha. Quando recebia “nãos” - e mesmo nos comentários dos posts originados pelos raros “sim” - a ladainha era a mesma: “deve ser um livro muito pesado”. Sim, é uma narrativa séria, como deve ser encarado nossa história recente. E então veio um golpe para os sonhadores. Não digo que meu livro, single-handedly, poderia ter sido capaz de frear o autoritarismo e o negacionismo. Mas digo que não considerei as “viúvas da ditadura” nos primeiros anos de divulgação do romance. Mas em 2024 não podia mais ignorá-las. Tive receio em encontrar algum influencer de extrema-direita - porque surpresa! Alguns deles sabem ler - que desmereceria...

Pinte menos, leia mais e vá rezar em outro terreno

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  Há dez anos, uma curiosa moda me chamou a atenção, tanto que escrevi sobre isso: os livros de colorir para adultos . Eles caíram no esquecimento em pouco tempo, mas hoje voltaram com força, junto a algo que é de arrepiar os cabelos e que me impede de escrever um texto tão esperançoso quanto o da década passada. Junto aos livros de colorir para adultos, quem vem dominando as listas dos livros mais vendidos no Brasil são os devocionais. São tão presentes que vi, com assombro, o vídeo de uma professora e sua turma indo em direção a uma feira literária e mais de um adolescente afirmou que queria comprar “Café com Deus Pai”. Há, é claro, um efeito manada. Não são poucas as pessoas que entram em livrarias e perguntam pelos mais vendidos, como se sucesso de venda fosse sinal de alta qualidade literária. Há também aquelas pessoas que querem estar em sintonia com o momento e leem o que está na moda. Quanto mais famoso, mais se vende. Nada de novo no front aqui. O sucesso desses dois...

Papel & Película: O Livro da Discórdia (2022)

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  *A coluna Papel & Película trata de literatura e cinema através de artigos sobre adaptações de obras literárias para o audiovisual e também filmes sobre livros. Escrevi a coluna semanalmente durante alguns anos para o finado site Leia Literatura. Este é um artigo inédito* “Quando um escritor nasce numa família, esta família está ferrada” - a frase é mais ou menos assim. Citada no filme por um apresentador de televisão, que diz que Philip Roth a citava, mas era de autoria de outro escritor, não nomeado. Esta frase sem autoria clara é perfeita para descrever um tipo de inspiração comum entre os escritores, mas que pode causar muitos problemas. Escreva sobre o que você conhece, alguém pode aconselhar. E conhecemos poucas coisas tão bem quanto a nossa família. Mudando nomes e gêneros, inventando situações e desmascarando outras ocultas, o escritor Youssef Salem (Ramzy Bedia) costura a trama de um romance entitulado “Choque Tóxico”. Na vida real, Youssef tem duas irmãs e um...