Resenha: Assassinato no Campo de Golfe, de Agatha Christie
Chegamos ao segundo livro protagonizado pelo
detetive belga Hercule Poirot, a mais notável criação da Dama do Crime Agatha
Christie. Em vinte e oito capítulos, o investigador cuja cabeça tem um curioso
formato de ovo se vê às voltas com dois crimes e usa seu privilegiado cérebro
para chegar a mais uma solução surpreendente.
Hercule Poirot começa sua carreira
internacional com o chamado de um homem rico que, tendo vivido e feito negócios
por muitos anos na América do Sul, encontra-se agora morando na França. O
pedido de socorro, de perigo iminente, é enviado para Poirot e ele atravessa o
Canal da Mancha, mas é tarde demais: quando ele chega, Monsieur Renauld já
havia sido assassinado.
Quinze dias antes de ser assassinado, o
Monsieur Renauld havia mudado seu testamento, deixando toda sua fortuna para a
esposa, Madame Renauld, que foi amordaçada e amarrada na cama na noite do crime
por dois homens mascarados que falavam alguma coisa sobre um “segredo”. Naquela
tarde, o Monsieur Renauld teve uma acalorada discussão com o filho, Jack, antes
de este sair apressado para pegar um trem e depois um barco para a América do
Sul.
Temos uma rivalidade criada entre a “Velha
Guarda” do serviço de detetives, personificada por Poirot, e a nova geração de
investigadores, na figura do francês Giraud. Há também magistrados como
Monsieur Hautet e Bex, ambos envolvidos na investigação e com eventuais rusgas
com Poirot.
Junto com o detetive está o Capitão Arthur
Hastings, que narra a história. Ele é, por isso, uma espécie de Watson para o
Sherlock Poirot. No primeiro capítulo, Hastings conhece no trem uma moça que se
apresenta simplesmente como “Cinderella” e volta a encontrá-la na cena do
crime, cheia de curiosidade mórbida. Hastings acompanha Poirot do início ao fim
e, sem desejar dar de bandeja as conclusões a que chegou, o detetive fala
várias vezes para o amigo usar suas “pequenas células cinzentas”.
A tradução de A.B. Pinheiro de Lemos é bastante
falha: com vírgulas onde não deveriam existir, crases faltando, “excitamento”
no lugar de “excitação” e até uma “descrição” onde deveria haver “discrição”.
Nem sua utilização do adjetivo “morganático” serve de perdão para os erros.
Pensei que Poirot e Hastings haviam chegado a
uma solução para os crimes antes do final do livro, mas mais uma vez Agatha
Christie me surpreendeu com uma reviravolta. Ver a evolução do detetive belga
mais conhecido do mundo, quando ainda era praticamente um ilustre desconhecido,
é um dos pontos altos da leitura de “Assassinato no Campo de Golfe”, mais um
valoroso thriller de Agatha Christie.
O VEREDICTO: 4 minions!
ÓTIMO!
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