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Mostrando postagens de 2022

Magra de Ruim, de Sirlanney

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  Primeiro de tudo, uma confissão: não costumo ler quadrinhos. E é por isso que comecei desgostando de ler “Magra de Ruim”: eu não estava preparada para aquele ritmo. O quadrinho mais recente que li foi “A Diferença Invisível”, obra francesa que contava uma história única. Foi por isso que comecei “Magra de Ruim” esperando também uma história única, ou ao menos várias histórias curtas. Mas a diferença dos traços, das cores, dos estilos logo me disse que era outra coisa: este era um livro reunindo vários quadrinhos já publicados na web ao longo dos anos. Não conhecia Sirlanney antes de receber o livro. Hoje sei que se trata de uma quadrinista e artista plástica com milhares de seguidores nas redes sociais, e que seu livro “Magra de Ruim” tem uma versão mais recente, de 2016 – a minha é a primeira versão. Assim como acontece com livros de poesia, achei este livro difícil de julgar objetivamente, atribuindo nota. É injusto dar uma nota para um livro desses, creio eu. Como também é inj

Resenha: A Correspondência de uma Estação de Cura, de João do Rio

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  “A Correspondência de uma Estação de Cura” é caso raro na literatura brasileira: um romance epistolar, isto é, com sua prosa composta por cartas. Igual a este temos, na literatura alemã, o famoso “Os Sofrimentos do Jovem Werther”, de Goethe. Mais curioso que a maneira como o romance é construído é, para mim, o fato de que ele se passa em minha cidade, a pequena Poços de Caldas, que há um século era uma das mais disputadas estações termais do Brasil. Li o livro, que há muito conhecia de nome é me intrigava, por ocasião dos 150 anos da cidade. As cartas são escritas por todos os tipos que se encontravam na estância na temporada de 1917: gente da elite paulista e carioca, jovens mancebos com segundas intenções, criados de hóspedes, um gerente de um hotel, moças buscando ao mesmo tempo a diversão e o amor, uma cantora que usa um pseudônimo para nunca descobrirem que, para ganhar a vida, ela cantava em estações termais. Em uma carta é possível encontrar passagens já narradas por outras

Resenha: A Cachorra, de Pilar Quintana

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  Mãe de planta. Mãe de pet. Mãe de gente. Mãe de anjo. A maternidade - e a maternagem, esse termo que não tínhamos o costume de usar - mudou muito nos últimos tempos. “Ser mãe” vai muito além de ter filhos biológicos, e cada vez mais passa a ser visto como algo associado a dar afeto - muitas vezes com segundas intenções, até mesmo no discurso de que mulheres precisam ter filhos para serem cuidadas por eles na velhice.   Por vermos agora tantas facetas diferentes da maternidade, surgem, nas mídias diversas, várias obras sobre maternidade. Uma delas é o romance “A Cachorra”. Damaris é uma mulher pobre que vive numa vila litorânea perto da região de Cáli, na Colômbia - um bocado distante do point turístico litorâneo do país, Cartagena. Ela é casada há mais de 20 anos com Rogelio, e se ressente muito por nunca ter conseguido engravidar. Como “profissão”, toma conta, aparentemente sem receber salário, de uma casa de veraneio cujos donos não aparecem há décadas para passar as férias. Damar

Resenha: A Pediatra, de Andréa del Fuego

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O que leva uma pessoa a decidir fazer o curso de medicina? A resposta romântica da maioria é “poder salvar vidas e cuidar das pessoas”. Alguns são mais práticos e chocam ao confessar que escolheram a carreira pelo dinheiro. Na minha experiência, muitos escolhem a medicina por status. Mas a protagonista do livro “A Pediatra” não se enquadra em nenhuma destas respostas. Ela fez medicina, acredite ou não, por comodidade. Cecília é pediatra e neonatologista (quem cuida de recém-nascidos) porque seu pai também é médico, e inclusive atende no mesmo prédio que ela, no mesmo andar. Mas o pai é endocrinologista pediatra e lida com as temidas “mães-pâncreas”: as mães de crianças com diabetes, dependentes de insulina. Cecília não quer ter nada a ver com crianças com doenças crônicas, muito menos com suas mães. Por isso, ela atende os pequenos pacientes até por volta dos dois anos de idade, e depois disso “dá um perdido” para que eles procurem outro pediatra. A vida calma e regrada de Cecília

Resenha: Vá, Coloque um Vigia, de Harper Lee

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  Durante muito tempo eu tive receio de ler “Vá, Coloque Um Vigia”, porque “O Sol é Para Todos” é um dos meus livros favoritos. Publicado em 2015, apenas um ano antes da morte da autora Harper Lee, “Vá, Coloque Um Vigia” prometia desconstruir algumas coisas - uma reputação em especial, para ser mais exata - que haviam sido construídas em “O Sol é Para Todos” e reforçadas na versão cinematográfica de 1962. Mas foi o Clube do Livro Feito por Elas que me incentivou a enfrentar meu medo e finalmente conferir o livro, e assim eu não me decepcionei sozinha. Em “Vá, Coloque um Vigia”, encontramos Scout Finch, ou melhor, Jean Louise Finch, como uma moça de 26 anos que, vivendo em Nova York, vai passar um tempo na sua cidade natal de Maycomb. Seu irmão Jem herdou o coração fraco da mãe deles e sucumbiu muito jovem, e seu grande amigo Dill mora em outra cidade. Restam, de rostos conhecidos em Maycomb, Atticus Finch, a tia Alexandra e o tio Jack - a boa e velha Calpúrnia ainda está pelos arredo

Contadora de histórias por um dia

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  Começo o post com uma anedota - uma anedota que nunca teve graça para mim. No final do Ensino Médio, mais de uma vez me aconteceu isso: quando perguntada o que eu queria fazer de faculdade, eu respondia “história” e era confrontada com uma nova pergunta: “vai contar historinhas?”. Como os pinguins de Madagascar, eu apenas sorria e acenava, mas não via graça no comentário. Eles riram por último: hoje, como escritora e crítica de cinema, conto histórias para viver. E precisei virar contadora de histórias para uma atividade do estágio não-presencial - por causa da pandemia, saca? - para conclusão do curso de Biblioteconomia. O livro escolhido, por sugestão de minha mãe, foi “O Mágico da Matemática”, do autor Oscar Guelli. Li o livro, que já havia lido na infância, me preparei e enfrentei a câmera. Gravei umas três vezes até acertar, decorei o comecinho do livro, mas consegui ser contadora de histórias por um dia. O resultado? Veja a seguir:  

Meu ABC

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  Percebi que nunca fomos apresentados formalmente. E, como eu não costumo fazer as coisas formalmente, decidi que era hora de me apresentar ao leitor informalmente. A maneira escolhida foi com um alfabeto pessoal, inspirado no Alfabeto do Cinema Clássico que publiquei há alguns anos no meu blog Crítica Retrô. Prontos para me conhecerem de A a Z?   A de Asperger (tenho / sou) B de Batom (não vivo sem) C de Cinema (minha paixão) D de Dedicação (minha melhor qualidade) E de Escritora (um sonho ou uma realidade?) F de Feminista (você já conhece o Cine Suffragette ?) G de Greta Garbo (sou muito fã desta linda e talentosa atriz) H de História (minha primeira formação) I de Imaginativa (como qualquer escritor) J de James Cagney (meu ator favorito) K de Katharine Hepburn (minha atriz favorita) L de Lon Chaney (meu ator de cinema mudo favorito) M de Mary Pickford (minha atriz de cinema mudo favorita) N de Nasce uma Estrela (1937) (meu filme favorito de todos o