Resenha Mirim: O Matador de Passarinhos, de Luiz Galdino

 


Tavinho estava no seu quarto, olhando através da janela, tão distraído ficou que nem percebeu Zezé entrando em seu quarto, só percebeu quando o amigo abriu a gaveta e começou a bagunçar suas coisas. Ele sentiu raiva, sentiu vontade até de fechar a gaveta nos dedos dele, mas não podia. Primeiro: sua mãe era comadre da mãe de Tavinho e segundo: ele era irmão de Lucimar, com quem ele vivia a sonhar de olhos abertos.

Quando Zezé viu os estilingues de Tavinho logo disse:

- Tá louco! Esses estilingues não servem para nada, não matam nem um pássaro que pousar no seu nariz!

Dizendo isso, tirou um estilingue do bolso, que diz ter trocado com o Lico. Tirando a “peça” pendurou-a no seu pescoço, deixando bem à mostra, e para desanimar ainda mais Tavinho o convidou para caçar pássaros.

Sem muita vontade ele foi e quase por milagre matou uma rolinha.

De noite ficou com remorso, pois havia matado um pássaro, que nada mais tinha feito do que voar, com suas cores encantar a natureza e se deliciar com a massa doce do ingá.

No dia seguinte Lico o convidou para ir caçar, já sabendo do “grande acontecimento”.

Ele aceitou, porém sempre que Lico fazia pontaria Tavinho arranjava um jeito de assustar o animal.

Zezé chegou no quarto e disse:

- Foi com essa “coisa” que você acertou um passarinho?

- Não, foi com essa “peça” que eu salvei uns quatro.

- Eu não matei a rolinha, é isso. O que eu matei ontem no riacho foi a minha vontade de matar passarinho.


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Resenha: Um Dono para Buscapé, de Giselda Laporta Nicolelis

Resenha: Água Viva, de Clarice Lispector

Resenha: O outro passo da dança, de Caio Riter